sábado, maio 14, 2005

Ensaio

Quero ser livre.
Deixem-me ser livre! Ora, deixassem-me ser livre!
Já não sinto o que sinto que sentia,
e o que senti, já me esqueci, e perdi, nas horas obscuras.
Deixaram-me entregue ao relento,
e o relento abandonou-me naquela praia bonita,
ao lado da vida,
como quem vai para a morte.
O meu coração é um apartamento de luxo com vista para a solidão,
onde os pensamentos pairam em torno de uma estranha fantasia,
de um infinito credível,
eu, que em nada acredito, que em nada sou credível,
que me sinto mais vivo além...do que aqui neste tempo e espaço.
Mesmo não sabendo o que é isto ou aquilo,
mesmo nada conhecendo por inteiro - porque de inteiro nada tenho -
mesmo sabendo que sou aquele que podia ter sido e nunca foi...
ah! Quero ser livre!
Trabalhar é uma canseira e amar dói.
Ter horários humilha, as horas doem na alma,
como uma traição no amor perfeito.
Minh'alma chora por liberdade, ela grita pelo analgésico da vida!
Quero ser livre, enfim, perdido..
Porque a liberdade não se conquista nem com trabalho nem com amor.
Ela vem, bela e elegante, por entre as palavras e a música pura,
ela está nas viagens feitas ao acaso, pela estrada fora,
ela vem por estranhos e ocultos caminhos,
a liberdade é companheira de Diónisos, e assim,
proibida...

F.A.R.

5 Comments:

Anonymous Anónimo said...

"Quero ser livre". O que entendes por essa liberdade q procuras incessantemente? Que desejaste em noites escuras, mais do que o amor que possa ter... Libertares-te de tudo o que te magoa...não foi o que te fez sorrir antes? Só queria colocar essa questão, a qual me coloco todos os dias... Denoto influências de Nietzsche e Pessoa,esses que nos fazem questionar se vale a pena...que nos mostram o quão miserável e sozinhos e escuros podemos ser. Mais não poderei dizer..Palavras que um dia foram sentidas intensamente, desejos, sonhos passados para o papel que não puderam ser mais do que isso... As tuas palavras sao o que tu és, de facto.. brilhante, humilde, sonhador e honesto contigo e com os teus. Parabéns por palavras passadas(ou presentes). R.C.F.

4:30 da tarde, maio 16, 2005  
Anonymous Anónimo said...

"O idealista é incorrigível: se é expulso do seu céu, faz um ideal do seu inferno."

3:27 da manhã, maio 17, 2005  
Anonymous Anónimo said...

Grande poema! Abafa mesmo, principalmente para as pessoas k te conhecem bem! Continua a dar-lhe com força e mostra aos poetas surrealistas e básikos o k é fazer poemas a sério! Taz mm lah!!

9:22 da tarde, maio 17, 2005  
Anonymous Anónimo said...

"Libertem" este espirito inqueto. Mais um texto entre tantos, desconhecidos, deste génio.
Muito bom, mas quero mais.
Mais paixão, mais dor, mais sentimento que todos sabemos que tens.

10:40 da tarde, maio 20, 2005  
Anonymous Anónimo said...

Será que vais ler isto? Queria dizer-te que a liberdade nunca foi proíbida. Principalmente a uma gaivota.

1:53 da tarde, maio 22, 2005  

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