segunda-feira, maio 16, 2005

Morte de Yassin

Este texto é de Março de 2004 e retrata o meu sentimento acerca da morte do xeque Yassin, o líder espiritual do Hamas. Desculpem o facto de não ser um artigo actual mas eu prometi a mim mesmo que um dia ia publicar isto no Desvio do Pensamento...

Dia 22 de Março o mundo acorda em sobressalto com a morte do xeque Yassin, o mítico líder espiritual do grupo islâmico Hamas.
Como se não bastasse já o mau clima que se vive no Médio Oriente com um azedar cada vez maior das relações entre Israel e a Palestina, os israelitas ainda se lembraram de meter mais uma grande acha numa fogueira que parece que tão cedo não vai parar de arder.
O mais preocupante, no entanto, surge quando ouvimos o primeiro-ministro israelita, Ariel Sharon, congratulando os militares israelitas por terem morto o “Bin Laden do Médio Oriente”.
Ora surge a questão: Quem é o verdadeiro Bin Laden do Médio Oriente? Seria mesmo o xeque Yassin, que se encontrava num estado de saúde mais que deplorável e que representava mais um símbolo do Hamas do que propriamente um guerrilheiro ou o cérebro de todo a organização?
Será Yasser Arafat que é considerado por grande parte do mundo Ocidental como um homem pacifista que privilegia o diálogo em detrimento dos confrontos armados (embora por vezes não lhes consiga pôr cobro, como é o próprio caso do Hamas) e que já deu várias provas de que não é coadjuvante com os actos terroristas por parte de alguns Palestinianos?
Ou será que é do Estado de Israel que não se contentando com a sua parte do território e com tudo o resto que ao longo da história tem feito ao povo palestiniano continua a querer subjugar o povo da Palestina às suas próprias regras impondo as mesmas na base de uma superioridade ao nível do armamento e da força militar tendo como pano de fundo a ajuda dos EUA?
É óbvio que com este tipo de discurso não se pretende desculpabilizar os palestinianos por todos os danos que já causaram no povo israelita, mas se compararmos as vitimas quer de um lado, quer de outro, facilmente concluímos que a diferença é abismal.
Para além disso, o povo palestiniano não tem a capacidade de entrar no Estado de Israel e disparar sob quem quer que seja somente com a finalidade de encontrar e matar os mais altos dirigentes políticos de Israel, ao contrário do que acontece do outro lado.
No nosso mais íntimo bastaria sentarmo-nos calmamente no nosso sofá (coisa que na Palestina já quase que nem se sonha) e reflectir sobre como nos sentiríamos se víssemos o nosso território ser invadido, a nossa cultura ser subjugada, os nossos amigos partirem, o medo dentro de nós aumentar a cada dia que passa, os nossos filhos morrerem aos nossos braços e toda a nossa vida mudar aos olhos de uma comunidade internacional que se mostra permissiva e cúmplice de tudo aquilo que é feito contra nós. A resposta está no interior de cada um de nós mas não parece difícil adivinhar qual é…
Para concluir resta esperar pela retaliação dos palestinianos, feridos no seu orgulho e com muita vontade de vingar o “eterno” líder espiritual do grupo Hamas… Ainda se fala em III Guerra Mundial e eu pergunto: Ainda querem uma pior que esta?

P.R.