quinta-feira, abril 13, 2006

Acreditar ou não, eis a questão

Adoro sonhos estranhos.
Uma vez sonhei que estava a acampar com amigos meus em Aljezur (como de costume) a poucas horas de um Benfica x Sporting e apareceu-me o Luisão à frente.
Perguntei-lhe o que ele estava ali a fazer e o defesa central do Benfica respondeu-me:
”Nada.”
Foi aí que o internacional canarinho enfiou-se num mini e começou a fazer esticaria no parque de campismo do serrão. O pó divida-se entre pessoas, tendas e roupas, enquanto o bom do Luís divertia-se à grande (como ele).
O pior aconteceu quando o mini do gigante brasileiro não aguentou tamanho rally e desterrou-se (não havia pista) contra a vedação do parque, enlaçando-se nalgumas folhagens cúmplices dos nossos bons modos na noite anterior.
Antes de ser sportinguista sou um humanista (sportinguista) e corri a ajudar o meu amigo Luís. Ele, coitado, nem contorcer-se podia já que a sua envergadura fazia 3 da do carro mas lá me arranhou que estaria incapacitado para jogar contra o Sporting.
E acordei.

Enquanto via Big Fish, a minha mãe encontrava-se na mesma sala que eu, sentada num sofá atrás do meu a descascar as favas que o meu irmão tanto gosta. Eu detesto favas.
À medida que o filme avançava, a minha progenitora atirava-me perguntas atrás de perguntas, esforçando-se por compreender racionalmente o que via. Foi o maior erro que podia ter feito.
Este peixinho grande só pode ser compreendido por quem vive num mundo desconstruído, por quem aceita o irracional e irrompe de olhos vendados rumo ao mundo da fantasia.
Big Fish só pode ser mágico para quem vê em Tim Burton um autor antes de ver um realizador, por quem reconhece que isto só é chato se nós assim o fizermos, por quem acredita que somos nós que pintamos o quadro da nossa vida.
Vejo Big Fish como o sonho que atrás descrevi, em que abraço o irreal com a força da minha existência e esqueço o que me rodeia.
A verdade é muito aborrecida, Tim Burton sabe disso.
Não pretendo analisar a vertente técnica do universo “Burtonesco”, qualquer pessoa o poderá fazer depois de observar este filme que é a sua obra prima-tia-mãe.
Mas há uma coisa que só eu posso contar: aquilo que senti quando o rio levou o filme.
E o que se passou foi que permaneci ali, cristalizado, a observar sem tomar qualquer tipo de atenção (como é hábito) a cascata das legendas que descia ao ritmo da melodia final.
De repente levantei-me, peguei nas minhas sapatilhas abertas na parte da frente e fui correr até à praia ver o pôr-do-sol.
Ao assistir àquele espectáculo da natureza, percebi tudo.
Mergulhem na ficção dos vossos sonhos e acreditem. Façam pontes e destruam muros.
A vida é muito mais bela para quem acredita.

R.C.

9 Comments:

Blogger Rafa said...

Sabes? O Garcia Marquez diz assim: "A vida não é aquela que cada um de nós vive. Mas sim a que recordamos e como a recordamos para contá-la"...Acontece muito comigo por exemplo, acontecer-me coisas e passado algum tempo, eu contar às pessoas de forma diferente. Nao como se fosse uma mentirosa compulsiva, mas porque me lembro das coisas assim, de uma maneira mais interessante (para mim, que terei de conviver com essa memória até que o meu cérebro a guarde definitivamente e para aqueles que escutam as minhas historias).´
E é sobre isso que trata Big Fish. Sobre a forma como escolhemos recontar as nossas historias. Tu, Rui, tb és um Big Fish. Senão, terias contado o teu pequeno incidente no metro desta forma: "Ontem atrasei-me ao ir para a escola. Quando cheguei ao metro vi os fiscais e fugi pq percebi que não tinha o passe". Mas não, escolheste contar em forma odissêica...o que para mim é sempre a melhor opção. Um beijão.

7:32 da tarde, abril 13, 2006  
Anonymous Anónimo said...

Vale sempre a pena, quando a alma nao é pequena.
By Marcos.

11:38 da tarde, abril 13, 2006  
Anonymous Anónimo said...

"Mas há uma coisa que só eu posso contar: aquilo que senti quando o rio levou o filme.
E o que se passou foi que permaneci ali, cristalizado, a observar sem tomar qualquer tipo de atenção (como é hábito) a cascata das legendas que descia ao ritmo da melodia final."

Isto foi precisamente o que eu senti quando vi o filme pela primeira vez.. é brutal a sensação que nos invade e ao mesmo tempo ficamos ali impávidos e serenos.

8:18 da tarde, abril 14, 2006  
Anonymous Anónimo said...

É, sem dúvida alguma, um filme fantástico que nos reporta para um mundo onde tudo pode ser construído á medida dos nossos sonhos. Era tão bom se a vida fosse igual a este "grande peixe" que nos toca a todos de uma forma tão profunda...

2:30 da manhã, abril 15, 2006  
Anonymous Anónimo said...

Começo por referir que sou um grande fã do Burton. O mundo que ele representa em cada filme e para onde nos leva, é simplesmente fenomenal. Claro que a vida tem muito mais sentido a cores. Agora reparem: quase todos os filmes que ele tinha realizado estavam sobrecarregados de ambientes negros (Eduardo maos de tesoura, batman 1 e 2). Por incrivel que pareça, o Big Fish, é um filme cheio de cor! Não no sentido nornal da palavra, mas num sentido metaforico, quase mágico. E foi esse mesmo sentimento que explodiu em mim kd vi o filme: a magia ultrapassa em muito a banalidade e traz muito mais cor á nossa vida. Magia como só nos a sabemos fazer, ou seja, mudar os acontecimentos e torna-los muito mais apelativos e interessantes, quanto mais nao seja, na nossa própria cabeça!
Eu concordo com rafaella kd diz que tu, rui, és um grande peixe! Mas eu entraria mais pelo plano do padreco Antonio vieira e dar-te-ia um sermao de santo antonio aos peixes! E tu meu amigo, num plano burtesiano, serias uma LULA, porque estendes os teus longos braços em busca de.....ÁLCOOL! Brotas Tinta do teu corpo, a mesma com que tu escreves: "Obrigado por teres limpado a loiça, ficou mesmo muita bem limpa ;)"! E tens uma cabeça redonda, maleável, para guardar o teu geniozinho, do qual, com profundo amor e carinho, admiraçao e valentia, eu sou fã! 3457456856788567 Vivas para o Rui!!

10:07 da manhã, abril 15, 2006  
Anonymous Anónimo said...

Axei este post lindo,alias,como todos os outros.O teu blog é viciante e já fiz imensa publicidade.Qualquer dia reunes todas as tuas crónicas e fazes um livro.Aposto k ia ser sucesso de vendas,um best seller...
Mas já agora e a quanto a pesadelos?
135324 beijos

2:03 da manhã, maio 09, 2006  
Anonymous Anónimo said...

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1:24 da tarde, dezembro 23, 2012  
Anonymous Anónimo said...

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2:26 da manhã, dezembro 24, 2012  
Anonymous Anónimo said...

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11:25 da manhã, dezembro 25, 2012  

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