A Deusa Música
Há filmes cujo título reclama o culto, por antecipação.
Não se limitam a pedir, reivindicam-no.
“De Battre Mon Coeur s`est arrêté ” podia ser apenas mais um filme francês com um título giro. Mas é mais, muito mais do que isso.
Thomas Seyr (Romain Duris – Residência Espanhola) é o seu rosto. Emana a figura de um trovão, cujos relâmpagos avinagrados sorriem-nos, de perfil. Não há trovões simpáticos, mas há mais do que trovões em Thomas (Tom).
Nele há sonhos e poesia. Encontramo-los escondidos nas sombras que a morte da mãe pintou na sua respiração, cobrindo-os com a capa de uma vida suja alugada ao pai.
Deste herdou o caminho dos negócios imobiliários, epicentro de uma vida caótica e virulenta, aqui e ali salpicada por gotas melódicas que limpam a lama do seu espelho.
Barulho, doença, Parkinson, musica electrónica, o pai.
Equilíbrio, graça, Yoga, musica clássica, a mãe.
Tom tem 28 anos e quer o que não mostra.
Quer trocar a corrupção por um sonho precoce.
O dinheiro pelo piano.
O Pai terreno pela Mãe que já descansa.
Jogos de pares, batalhas interiores, guerras de vencidos.
Neste filme rasgadamente psíquico, Jacques Audiard fala-nos do papel de cada um nas relações familiares. Atiram-se conceitos pela janela, reformulam-se postulados outrora instalados.
A personagem interpretada por Roman Duris preenche a trama de modo transversal, numa tempestade que lembra o de Niro enraivecido de Scorsese.
A sua actuação incomoda, enerva, desespera o espectador. Sem se aperceber, este passa a ser aquele.
Fisicamente, é nos seus dedos que encontramos a expressão máxima dessa batida cardíaca exasperante, galopando aos soluços rumo à falésia da sua existência. Mas também são aqueles que, regulados por um anestesiante vindo do sol nascente, produzem momentos de uma beleza devastadora na contemplação estética, esqueçamos a auditiva.
Quando a música é comunicação, motor de todas as coisas que precisam de algo que empurre ou trave ou nada.
“De Battre Mon Coeur s`est arrêté” cozinha um caldo atormentado de emoções que palpitam no coração de cada um a uma velocidade tão vertiginosa quanto próxima.
Não se limitam a pedir, reivindicam-no.
“De Battre Mon Coeur s`est arrêté ” podia ser apenas mais um filme francês com um título giro. Mas é mais, muito mais do que isso.
Thomas Seyr (Romain Duris – Residência Espanhola) é o seu rosto. Emana a figura de um trovão, cujos relâmpagos avinagrados sorriem-nos, de perfil. Não há trovões simpáticos, mas há mais do que trovões em Thomas (Tom).
Nele há sonhos e poesia. Encontramo-los escondidos nas sombras que a morte da mãe pintou na sua respiração, cobrindo-os com a capa de uma vida suja alugada ao pai.
Deste herdou o caminho dos negócios imobiliários, epicentro de uma vida caótica e virulenta, aqui e ali salpicada por gotas melódicas que limpam a lama do seu espelho.
Barulho, doença, Parkinson, musica electrónica, o pai.
Equilíbrio, graça, Yoga, musica clássica, a mãe.
Tom tem 28 anos e quer o que não mostra.
Quer trocar a corrupção por um sonho precoce.
O dinheiro pelo piano.
O Pai terreno pela Mãe que já descansa.
Jogos de pares, batalhas interiores, guerras de vencidos.
Neste filme rasgadamente psíquico, Jacques Audiard fala-nos do papel de cada um nas relações familiares. Atiram-se conceitos pela janela, reformulam-se postulados outrora instalados.
A personagem interpretada por Roman Duris preenche a trama de modo transversal, numa tempestade que lembra o de Niro enraivecido de Scorsese.
A sua actuação incomoda, enerva, desespera o espectador. Sem se aperceber, este passa a ser aquele.
Fisicamente, é nos seus dedos que encontramos a expressão máxima dessa batida cardíaca exasperante, galopando aos soluços rumo à falésia da sua existência. Mas também são aqueles que, regulados por um anestesiante vindo do sol nascente, produzem momentos de uma beleza devastadora na contemplação estética, esqueçamos a auditiva.
Quando a música é comunicação, motor de todas as coisas que precisam de algo que empurre ou trave ou nada.
“De Battre Mon Coeur s`est arrêté” cozinha um caldo atormentado de emoções que palpitam no coração de cada um a uma velocidade tão vertiginosa quanto próxima.
R.C.
1 Comments:
Gostei. Texto sereno e clarificante. Não é de difícil compreensão e, pelo menos no meu caso, deu-me vontade assistir ao filme em questão. Continua que tás no bom caminho! Já agora aproveito e desejo-te boas férias! :)
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