terça-feira, maio 24, 2005

and now for something completely different... the reality

Depois de ter sido apresentado o valor do défice orçamental para 2005, Portugal terá mesmo que “apertar o cinto”!! Mas desta vez terá que ser mesmo apertado por todos, sem excluir as próprias elites governamentais, visto que o défice público calculado até ao fim deste ano é de 9,6 mil milhões de euros, o equivalente a 6,83 por cento do PIB. De facto, este valor, que deixou todo o país manifestamente surpreendido, é exorbitante, sendo quase certo que Portugal será penalizado, pela União Europeia, com um processo por défice excessivo.

Esta é a realidade – Portugal encontra-se numa situação de extrema delicadeza! Todos nós já nos sentimos demasiado “apertados” para abrir os olhos para esta realidade, mas se não o fizermos agora, as consequências desse acto serão incalculavelmente desastrosas. Daí termos que sofrer agora medidas extremamente nocivas para todos nós, mas que ditarão o futuro de Portugal, não obstante o facto de ser um processo que deverá ser conduzido cuidadosamente, de preferência por toda a classe política portuguesa, fugindo a debates internos e partidários.

Em 2001, quando foi anunciada a crise económica em que Portugal se encontrava, na altura pela voz de Durão Barroso, a preocupação era extrema e os cuidados a ter eram muitos. Dessa altura até agora, será um facto dizer que pouco ou nada se fez para mudar a situação do país. Governos sucessivos, cada um com as suas «políticas de ordem imperial», sobrepuseram consecutivamente pequenas matérias àquelas que realmente interessavam e interessam ao país. Não será, a meu ver, necessário explicitar quem é que fez o quê em que altura. Toda a classe política portuguesa é culpada e responsável por não ter respondido prontamente aos problemas que realmente importam ao nosso país. E, desta forma, chegamos a meados de 2005 com um défice orçamental assustador – que deverá realmente assustar-nos a todos, para ver se desta vez a reacção é realmente a união de todo o povo português por uma mesma causa – a nossa “salvação”. Uso a palavra “salvação”, porque, como todos nós sabemos, o poder económico é aquele que «comanda a vida» dos nossos tempos e sociedades, e se não despertarmos agora, mais tarde o resultado será, talvez …quiçá… uma implosão económica parecida à da Argentina há poucos anos.

Neste tipo de matérias lembro-me sempre de um «exemplo espanhol», em que de um governo para outro passam ministros que tutelam pastas demasiado delicadas para serem entregues a um outro dirigente, com uma outra filosofia de trabalho e ideais bem diferentes. Parece que é um facto tremendamente assustador para o povo português manter um ministro numa pasta de um governo para outro (talvez o exemplo de Manuela Ferreira Leite seja dito bem alto, visto termos perdido um cérebro realmente reformista e implacável na pasta das Finanças).
De facto, neste ponto, elogio o povo espanhol e blasfemo o povo português, pela sua fraca visão de um futuro. Pensa-se muito no dia a seguir ao de hoje, em vez de se pensar nesse e nos outros que virão. Pois esta visão é que tornará o nosso país numa nação próspera a nível económico e, consequentemente, a todos os níveis. «São exigidos sacrifícios a curto, médio e longo prazo», escrevia hoje José Manuel Fernandes, em que todos nós temos de cumprir o nosso papel. Pois não é altura para nos dividirmos em partidos e suas opiniões, mas sim juntarmo-nos numa única voz acordada por todos, que faça este país ser uma nação equilibrada e sustentada por alicerces fortes, que não desmoronem nem depois de amanhã, nem daqui a dez anos, mas que sustentem toda uma sociedade que há muito já deveria ter começado a pensar nisso.
J.A.

5 Comments:

Anonymous Anónimo said...

PARABENS AO J.A. COM O SEU ARTIGO "AND NOW SOMETHING COMPLETLY DIFFERENT". BOA VISÃO DA NOSSA REALIDADE SEM DUVIDA COM PROPOSTAS DE BOA VONTADE QUE SEGURAMENTE SEGUIDAS POR TODOS DARIAM OS SEUS FRUTOS E BONS...

3:09 da manhã, maio 26, 2005  
Anonymous Anónimo said...

Batemos mesmo no fundo sem dúvida alguma! Excelente visão desta nossa realidade. Escreve mais sobre estes assuntos e ponho o Miguel Sousa Tavares na prateleira! Muito bom!

3:09 da manhã, maio 26, 2005  
Anonymous Anónimo said...

A ideia "temos que apertar o cinto" é a ideia mais errada e tb mais comum qd alguma coisa na economia portuguesa corre mal. Mas que raio de ideia! Imagine-se só um país onde ninguém gasta dinheiro, onde é que ia parar o comércio, as empresas, os empregos?
Não concordo com as ideias expostas neste texto: então quer dizer que a resposta ao défice é o coitado do portuguesinho, que já leva uma vida miserável, apertar o seu cintinho todo gasto e em vez de beber três cafés bebe só dois pq tem que se poupar. João, poupa-me tu com essas ideias. o que é preciso, é simplesmente o contrário, isto é, fomentar o investimento e acima de tudo aumentar a produtividade, e mais, cortar despesas!Sim, despesas daquelas tipo estádios-fantasma no algarve! Acabem com a fuga ao fisco! Posto isto, apertar o cinto porquê? Eu não pedi estádios a ninguém nem tão pouco Parques das Nações tão vazios como as cabeças dos politicos que permitiram tais aberrações nacionais.
Apertar o cinto o tanas!!! O Estado que aperte o cinto e o IVA que volte imediatamente aos 17%, isso sim era política!

12:40 da manhã, junho 25, 2005  
Anonymous Anónimo said...

Ó Filipe, mas afinal quem é o Estado!? Não és tu e todos nós? Então o Estado deve conter-se.. mas nós (portuguesinhos) não? - de facto, não percebo esse teu raciocínio..

Fomentar a economia portuguesa partindo de claros investimentos nas áreas mais "apetecíveis" é também para mim uma solução ideal! E mais! Fomentar o capital de risco privado! - pois um país que suporta todo o seu capital de risco baseando-se somente na área pública, é triste! Investir com dinheiros públicos não é a mesma coisa que com dinheiros privados! O cuidado a ter em cada investimento é uma realidade assumida por parte desses investidores privados, enquanto que com dinheiros públicos é mais a regra "portuguesinha" do: «Olha, experimenta-se.. se der pó torto o dinheiro também não era meu!!»

Apertar o cinto, não significa parar ou estagnar a economia do país! Apertar o cinto é contermo-nos nas nossas próprias contas (desde os milhões de empréstimos aos endividamentos consequentes que cada vez mais são uma realidade preocupante do nosso país! ; a um número astronómico de importações, tndo em conta os baixos níveis de exportação). São estas coisas que me refiro, meu caro Filipe. Poupar naquilo que devemos poupar. Agora conter uma economia, é dos erros mais primários do controlo económico dum país!
Um abraço ()

1:45 da manhã, junho 26, 2005  
Anonymous Anónimo said...

Esquecia-me.. quanto aos Estádios também eu achei-me contra eles.. 10 Estádios num país como o nosso.. mas que absurdo! Agora, visto eles já estarem onde estão - parece-me bastante tarde tar a perder tempo a discutir isso, pois que eles estão lá, é um facto! e que aquele dinheiro podia tar noutros sitios também o é.. mas tá feito.
Discutirei de bom grado o futuro e "sus" futuras medidas.

1:50 da manhã, junho 26, 2005  

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