domingo, junho 26, 2005

Espelhos

3 amigos inseparáveis faziam o caminho de volta a casa pela imensidão de um mar que embala tão rapidamente quanto fere. Dois deles tinham conhecimentos de marinheiro e faziam as despesas do serviço enquanto o terceiro, que era cego, limitava-se a seguir as indicações dos companheiros e a ficar no seu canto.
Já com terra à vista, avistaram uma onda enorme. Tinha a dimensão de 3 autocarros encavalitados uns nos outros e o perigo estava iminente. Naquele momento um helicóptero passou pelo local e desceu para ajudar os tripulantes do barco. Curiosamente, apenas o cego foi salvo e os restantes amigos tiveram de enfrentar a onda sozinhos. Ao pisar terra firme, o cego esfregou os olhos e começou a ver, facto que o alegrou tanto que mergulhou de novo na sua vida quotidina esquecendo-se que os seus amigos estavam a passar por sérias difculdades. Sem dar por isso, este rapaz tinha adquirido outro tipo de cegueira, a do egoísmo.
Entretanto, a onda gigante danificara fortemente o casco do barco, o qual fora levado para longe da costa denotando sinais de destruição profundas na proa, que afundava-se à medida que a onda gigante se afastava atrás deles. Aguentaram-se na embarcação o tempo possível e algumas dezenas de minutos depois tiveram mesmo de saltar para o mar, visto que o meio de transporte que os levava tinha mesmo afundado.
Com muito espírito de sacrifício e entreajuda, os dois amigos percorreram o caminho de regresso a nado e chegaram a bom porto no dia seguinte, exaustos e sem forças. Contudo notava-se nos seus olhos um brilho semelhante ao de uma vela que arde, teimosa, algures no centro de um tufão furioso, sem que haja uma explicação racional para tal. Essa força no olhar parecia dar-lhes energia para mais 3 dias a nadar em alto mar...
Não passou muito tempo até os 3 rapazes se reencontrarem. Quando tal aconteceu, os que ficaram a lutar pela vida pararam diante do amigo, que já não era cego, e fitaram-no sem recorrem ao uso da palavra. Ao ver a sua imagem através do espelho que os olhos dos colegas lhe devolviam, o terceiro rapaz foi ferido de tal forma na vista que voltou a não ver absolutamente nada. Ficou cego a dobrar.
R.C.

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Há uma grande lição de moral subjacente ao teu texto. Muito bem escrito e faz nos repensar seriamente no valor da amizade. Está mesmo bastante bom. Continua assim!

6:03 da tarde, junho 26, 2005  
Anonymous Anónimo said...

Passe algumas redundâncias ("encavalitados uns nos outros" e "exaustos e sem forças") e outras falhas de foro estilístico, trata-se de uma boa pequena história para crianças com a lição de moral da praxe, e isto não é nada depreciativo, pois não é fácil escrever textos infantis.

2:58 da manhã, junho 27, 2005  

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