domingo, setembro 25, 2005

Crash!


Crash fala de racismo, discriminação, egoísmo. Fala de trabalho, imigração, pólvora seca e um anjo (Los Angeles). Ou uma criança, se quiserem. Atira-nos para um buraco escuro, tão escuro que realça o que de pior existe em cada um de nós e em que o erro é notariado de forma vitalícia nos actos do Homem. Este filme, de Paul Haggis, espelha-nos o problema da convivência multicultural, pluriracial e étnica, sendo que cada rua da cidade dos anjos aparece como uma fronteira onde acaba o bem e começa o mal. E o inverso, ao detalhe. Este detalhe faz a diferença, pisca o olho ao (tele) espectador e desaparece sem deixar rasto.
No fundo, Crash é um filme sobre a redenção de uns e a queda de outros, misturando num puzzle pálido, de cores tristes e pequenos laivos de um arco-íris subtil, as evoluções e regressões próprias da (sobre) vivência humana. A mensagem extraída ilibe o Homem de uma natureza má e condena os preconceitos que a sociedade instala na sua mente como a entidade desvirtuadora. É a sociedade que adoece o ser humano, já que o toque de Deus aparece umbilicalmente ligado ao coração de cada um de nós, ainda que de forma quase imperceptível, jogada no detalhe. Brilhante.
R.C.