quinta-feira, outubro 13, 2005

Desiderius Erasmus of.. Leuven

As palavras não me saem… Tento descrever, de qualquer forma possível, esta experiência de estar a fazer Erasmus em Leuven, Bélgica… Impossível! São demasiados momentos que quero insaciavelmente deixar marcados na minha memória. Sei que ao escrever, fixo-os em qualquer lado, mas simplesmente não tenho tempo para escrever! Quero sentir o máximo deste sítio, das pessoas que me rodeiam, dos ambientes por onde passo. Bruno, Kimley, Vera, Christopher, Gonçalo, Filipa, Diana, Ana, Sara, Rita, Barroso, André, Pedro, Ioanna, Maria, Fernanda, David, Koen, Don, Joana, Rui, Nicholas, Catarina, Daniel, José, Julia, Mariona, Jorge… Nomes de pessoas que representam momentos, conversas, ambientes, risos, sorrisos, stella’s ou whisky’s... Escrevinharei tudo aquilo que se passar, mas não agora – muito cedo para usar a química da nostalgia e da memória. Mais tarde.
Só estas palavras me podem ajudar a explicar o que se tem passado aqui:

"O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso, existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis."
Fernando Pessoa
J.A.

Outsider

...Erasmus... experiência e vivência que só me faz olhar para aí e sentir-me a mim mesmo aquele portuguesinho que Miguel Esteves Cardoso escrevia n'A Causa das Coisas. Não há dúvida que Portugal está mesmo no cantinho oeste da Europa. Não há dúvida que eu não sabia mesmo o que significava a Europa como uma união de povos e culturas... Felizmente, nós portugueses, integramos este fabuloso destino da Europa, mas estamos tão desligados dela... que até me arrepia pensar nisso. Estamos fechaditos no nosso país, com os nossos problemazitos, quando cá fora pensa-se em coisas que teriam um grande impacto se fossem absorvidas por todos nós, aí. Refiro-me a coisas como o sentido de responsabilidade assumido pelos povos nórdicos; refiro-me à união dos espanhóis para um fim comum – uma grande Espanha; refiro-me ao poder da fé em si mesmo do povo americano; etc. Só nos falta mesmo acreditar em nós próprios e fazer algo em nome de todos... Esquecer, por momentos, a individualidade e a riqueza pessoal (tão típica do actual português) e acreditar que trabalhamos para bem de todos nós. Para um país que realmente pode ter um futuro muito favorável num espaço tão acolhedor, pequeno e saboroso como é o de Portugal. Só quando isso for absorvido e mentalizado é que deixaremos o nosso saudosismo para trás e acreditaremos na força e cultura que realmente temos.

...Erasmus... experiência e vivência que aconselharia a todo e qualquer português. O quão aprendemos quando estamos longe desse "buraco", faz-nos pensar sobre o que podemos fazer com esse mesmo "buraco". Acredito que se todos nós saíssemos daí por um ano, esse "buraco" passaria a ser o paraíso – que já o é em muitos outros aspectos.

J.A.