Quem anda à chuva em Lisboa, afoga-se!
Rui Coelho é acordado com o terno sopro de um berbequim às 8h30. Tal melodia penetrava nos seus ouvidos a uma velocidade considerável e, por sinal, parecia estar a ser transmitida directamente de uma emissora vizinha ao seu apartamento.
Depois de abrir a porta e vomitar um impropério rumo a quem quer que estivesse a compôr tal música, desiste de dormir e vai despachar-se, tranquilamente. A faculdade aguarda-o para mais uma manhã de estudo católico.
Dirige-se bem disposto em direcção ao metro e a música daquele berbequim já está colada aos seus tímpanos. Como é hábito não compra bilhete, as estações exigidas pelo trajecto diariamente percorrido têm as portas abertas.
Arroios, Campo Grande, Cidade Universitária, o trio liberal.
Como de costume já se encontra atrasado e, ao descer no Campo Grande, desliza pelas escadas num slalom formidável, ludibriando pessoas de todos os estratos sociais.O próximo comboio ja uiva ao longe, Rui tem os olhos no chão e os seus ouvidos fazem amor com a cera.
No entanto, ao dobrar a esquina das ditas escadas qual Forrest Gump, tudo muda.
Ele há snipers vestidos de azul, vermelho e branco (moda ultrapassada, diga-se) a surgir por todos os cantos, ouvem-se helicópteros (não se ouvem nada) e não demorou muito até o facínora Rui Coelho, no seu ritmo Susana Feitor, sentir-se agarrado com veemência por braços tonificados (não confundir com doping, falamos de pessoas íntegras) de cólera profissional, já no acesso às escadas que sobem para uma daquelas linhas ferroviárias.
Rui procura o seu passe (relembro que não o tem) e, passados 5 longos e extremamente confiantes minutos de busca pelo mesmo, o rapaz profere mais uma pérola digna de figurar nos anais da História registada da capital portuguesa:
"Não tenho passe."
O final acaba por ser feliz, como deve ser toda e qualquer história que se preze.
Dos 50 euros previstos como multa a pagar em situações “normais de esquecimento”, o preço é puxado (gentilmente) até uns irrisórios 13 000$ que deixarão o aluno da Universidade Católica Portuguesa, pólo de Palma de Cima - Lisboa (ufff...) a pão e água no par de semanas que nos aguarda.
Tamanho desenlace, logicamente, apenas terá sido possível devido à misericórdia daqueles chefes de família, pais de filhos, cujo sentido de ofício nos enche de orgulho.
Afinal, vale a pena encarar o futuro desta nação com outros olhos. Olhos verdes, de esperança.
P.S.: Consta que Rui Coelho, pela hora em que este texto estava a ser concluído (01h42), dirigia-se rumo à cozinha do seu apartamento em Arroios para comer um pão.
Depois de abrir a porta e vomitar um impropério rumo a quem quer que estivesse a compôr tal música, desiste de dormir e vai despachar-se, tranquilamente. A faculdade aguarda-o para mais uma manhã de estudo católico.
Dirige-se bem disposto em direcção ao metro e a música daquele berbequim já está colada aos seus tímpanos. Como é hábito não compra bilhete, as estações exigidas pelo trajecto diariamente percorrido têm as portas abertas.
Arroios, Campo Grande, Cidade Universitária, o trio liberal.
Como de costume já se encontra atrasado e, ao descer no Campo Grande, desliza pelas escadas num slalom formidável, ludibriando pessoas de todos os estratos sociais.O próximo comboio ja uiva ao longe, Rui tem os olhos no chão e os seus ouvidos fazem amor com a cera.
No entanto, ao dobrar a esquina das ditas escadas qual Forrest Gump, tudo muda.
Rui Coelho depara-se com...
347838047098419028489023983192810283910283190290 fiscais do metro. "Picas", na gíria.
A resposta dos responsáveis pela segurança financeira do metro de Lisboa foi imediata e cirúrgica. Qual operação Barbarossa, estes homens com a coluna vertical hirta (homens de família, pais de filhos) trocam sinais, códigos verbais e a tampa salta.347838047098419028489023983192810283910283190290 fiscais do metro. "Picas", na gíria.
Pedem o seu passe (não tem passe) e é então que o jovem algarvio sai-se com a frase mais extraordinária que alguém poderá lembrar-se de dizer numa situação destas:
"Agora não posso." E foge.
"Agora não posso." E foge.
Ele há snipers vestidos de azul, vermelho e branco (moda ultrapassada, diga-se) a surgir por todos os cantos, ouvem-se helicópteros (não se ouvem nada) e não demorou muito até o facínora Rui Coelho, no seu ritmo Susana Feitor, sentir-se agarrado com veemência por braços tonificados (não confundir com doping, falamos de pessoas íntegras) de cólera profissional, já no acesso às escadas que sobem para uma daquelas linhas ferroviárias.
Rui procura o seu passe (relembro que não o tem) e, passados 5 longos e extremamente confiantes minutos de busca pelo mesmo, o rapaz profere mais uma pérola digna de figurar nos anais da História registada da capital portuguesa:
"Não tenho passe."
O final acaba por ser feliz, como deve ser toda e qualquer história que se preze.
Dos 50 euros previstos como multa a pagar em situações “normais de esquecimento”, o preço é puxado (gentilmente) até uns irrisórios 13 000$ que deixarão o aluno da Universidade Católica Portuguesa, pólo de Palma de Cima - Lisboa (ufff...) a pão e água no par de semanas que nos aguarda.
Tamanho desenlace, logicamente, apenas terá sido possível devido à misericórdia daqueles chefes de família, pais de filhos, cujo sentido de ofício nos enche de orgulho.
Afinal, vale a pena encarar o futuro desta nação com outros olhos. Olhos verdes, de esperança.
P.S.: Consta que Rui Coelho, pela hora em que este texto estava a ser concluído (01h42), dirigia-se rumo à cozinha do seu apartamento em Arroios para comer um pão.
R.C.