quarta-feira, maio 31, 2006

O teatro dentro de ti

O medo é um actor. Esconde-se.
As palavras? Filhas desse actor.
Atiramo-las à nossa frente porque temos medo do escuro.
Seguimo-las para que reconheçam o percurso que ignoramos. E elas tropeçam e caem e lutam para que cheguem onde nos esperam. Em paz.
Pua chata ou mel auditivo, acabam por vencer. Na maioria das vezes, num braço de ferro doentio que rompe o namoro com o tempo. Um jogo praticado na distância em que a saudade chora e os seus lamentos esbarram no eco do nada.
O amor? Por detrás das palavras, em luta contra o medo. Debaixo dos conceitos e por dentro do pó que as gerações sacodem. Algures entre o fim e o depois, onde somos felizes por nada fazer sentido. Porque sim.
O medo? Frio, frio.. morre.
Deixa o calor atropelar-te nas noites em que as pedras de calçada anseiam por pisar-te, por cuspir-te. As pedras de calçada são dor e aguentam.
Nós também a conhecemos e, como aquelas, aguentamos.
E depois de aguentarmos, corremos. Corremos tudo até pararmos numa baliza empedrada onde derrubamos o medo que cai prostrado, pisado e cuspido.
Ei-lo só, como ele é por definição.

R.C.

quinta-feira, maio 25, 2006

Um Puzzle Para Reflexão Interior.

O vento é reduzido ao mínimo.
O dever provém do amor.
A droga floresce.
A individualidade sopra forte.
Os direitos humanos tornam-se impávidos e auto - destruidores.
A chuva fez o Homem evoluir.
O mal é alvo de preconceitos.
A amizade raramente é cumprida.
A politica provoca alegria a outrem.
A ciência é progressiva e arrebatadora.
O fogo suicida-se.
O amor inunda cidades.
O ódio deve ser salvaguardado.
A arte é violada constantemente.
O bem destrói sociedades.
A terra é um valor moral.
As pessoas queimam tudo o que conseguem.
A sociedade tem de ser apreciada.

L.M.

sexta-feira, maio 19, 2006

Eufemismos

O Nelas é o conceito.
Tem 24 anos e respira os mesmos 12 que o seu amigo Hugo. É letrado no darwinismo, conhece a evolução das espécies e procura combater a selecção natural. Vai daí, aproveita os momentos em que não está a palrear “espanelês” para salvar pássaros azuis indefesos de ataques ferozes por parte dos mais aptos.
Em seguida, tem por hábito desatar a correr à frente dos seus inimigos voadores enquanto grita “Cá-te já, cá-te já!!”. Dentro do seu carro nunca ouvirá nenhuma musica até ao fim e, se há coisa que lhe motiva (fora isso que vocês estão a pensar), é fazer um download do seu saco urinário e projectá-lo contra o vento. De preferência, na popa monchiqueira que pica o Algarve.

Falei do Hugo? Pois, o Hugo é o nosso cartão de visita perfumado.
Coimbra é a cidade do conhecimento, entre outras coisas, devido a uma facção das suas casas de banho ter ficado a conhecer o sempre refrescante vapor de vida que as entranhas do nosso huguinho costumam disparar.
Falamos de um al pacino neo-marroquino, alguém com postura de conversa séria às sextas à noite (sobre política) e que presume-se gostar bastante de espinafres e de raparigas que escavam ouro.

O Marcos costuma assistir a estas sonatas emerdadas com um conformismo liberal.
O seu sonho de infância é aproximar-se do Hugo e dizer-lhe “i will try to fix you!”. Contudo, o máximo que consegue é auto-esborrachar-se com um sorriso “yellow” que lhe relembre “pequenos momentos e repetições bonitas”. E é mau...

O Peixinho passou a fronteira. Já é pai de 2 ciclídeos e o mais engraçado é que ambos tratam-se por “nuestros hermanos”. Não é bonito?
Todavia, não são os deveres naturais de um peixe de família que vão impedir o nosso escamado amigo de se divertir. Antes pelo contrário, até porque desconfio que neste momento o papá Telmo (quem?) deve estar a jogar póker com o Miguel (Miguelinho AC) e o Hugo Viana (“lagarto”). Isto enquanto a sua txiquitita prepara um balde de tremoços que acompanhe a cervejinha que tanto abunda no seu aquário de mel. Mélito como diria o Alex!

Alex? Este tem uma unha espanhola.
Se pudesse, o berbiganito viajava de clio até ao camping com o tropix na cabeça, para de seguida tele-transportar-se juntamente com o Serrão para El Terrón. Uma vez lá, pediria esmola (esmolita) a algum espanhol para comprar uma mini. A ver se saía perfeita.
Gosta de deitar-se em pavimentos públicos e tem por hábito hibernar com o queixo virado para estrelas já de si meio enoevoadas, daquelas que não param quietas.
Lambada.

O Alentas está quase a chumbar a géneros por faltas. E, por falar nisso, receio que também esteja no limiar de pisar um bolo mal cheiroso numa qualquer rua alfacinha. E já que falamos em cordas bambas, o que dizer do teste de redes que, imaginem, quase lhe correu mal!
Quando é interpelado no sentido de afirmar quais os filmes que menos lhe tocam, responde com geografia e olha para a Baviera alemã. No sentido inversamente proporcional, o nosso companheiro costuma responder. “Oh tu, eh! Anda aqui! Closer!”

O Tarugo é um fantasista a gramática. Joga bonito (BUNITO?), usa com perícia as vírgulas e costuma deslocar-se a Viena para ir às compras.
Entre os produtos regularmente adquiridos nestas viagens a território austríaco, costumam contar-se vários pares de virilhas enlatadas. Marca registada “Arnold Lombos”.

David Barata traz o pão pela manhã aos nossos tímpanos desportivos. A sua veia José Mário
é indisfarçável e espera-se que o sonho o encarrilhe rumo à mancha britânica.
Um conselho, Barata: quando lá chegares tens de ter uma postura Cole, porque se te Robben é uma Drogba!

O Filipe e o Luís têm uma coisa em comum. Para além de AMAREM o Robert e o Marco Ferreira, não cortam o cabelo há aproximadamente 27 anos. Correm notícias de que o primeiro poderá ter desbastado hoje mesmo o seu poço al-sansão de criatividade literária. O Bowie vendeu o mundo mas.. o teu cabelo Filipe, o teu esfreg-cabelo!

E assim termino o meu repasto literário numa noite em que o conceito “olheiras” reforça o seu novo significado. É recente, tem 6 meses.

Olh = eslovenos; eiras = da merda que não se calam um minuto e ainda por cima tresandam a brandymel. Mel?
Um abraço johny!

R.C

terça-feira, maio 09, 2006

Porquê?

Como é que possível doer?
Porquê?
Que dor é esta que me avassala, que me tenta destruir?
Sinto a pressão da vida a remoer-me as vísceras
De uma forma horrenda e devastadora...
Porquê?
O que se passa comigo?
O que é isto?!
Esta sensação de responsabilidade e desmotivação, que eu repudío,
que sinto a sugar-me todas as gotas de liberdade que tenho em mim..
Que me diminui e me faz sentir pequeno
Perante a imensidão do mundo
E da destruição que este nos trás...
PORQUÊ?
Qual a razão disto tudo me acontecer a mim?
Sinto-me como uma formiga a vaguear pela cidade
A tentar fugir por entre os passos das pessoas inertes e ignóbeis
A escapar à morte como se de nada mais se tratasse na vida dela..
A tentar sobreviver...!
A procurar um meio de fugir deste buraco negro que me tenta asfixiar
E não me deixa percorrer o caminho que quero...
Quero fugir e estou enclausurado num emaranhado de armadilhas mortais
Qual é o interesse?
Porquê que me querem tirar todas estas sensações, que me fazem ser eu?
Que me fazem sentir o ar puro pela leveza da manhã,
Ou o travo de um de shot de Tequilla em plena bebedeira monumental...
O sofrimento em mim acumula-se ao ponto de querer explodir
E libertar-me desta ruína que é a vida,
Que só tem o intuito de nos destruir,
De nos fazer ser o que não somos!
PORQUÊ?
L.M.

domingo, maio 07, 2006

Mais 10.000 dias de prazer

Um dos projectos mais criativos e originais que alguma vez conheci na minha vida. Os Tool estão de volta para demonstrar o peso certo da música pesada. 10.000 Days (2006) é o último trabalho deste quarteto californiano que, mais uma vez, nos apresenta um som puro, limpo, único, harmonioso, pesado e perturbante.

Os Tool formaram-se em 1990 em plena “cidade dos anjos”, Califórnia. Em 1992, lançavam o seu primeiro trabalho – o EP Opiate. Um álbum demonstrativo do “metal cerebral” por onde este projecto se iria iniciar. Logo no ano seguinte, Undertow (1993) viria a definir o som dos Tool num território só deles. Um espaço em que mais nenhuma banda alguma vez tinha estado e que, a meu ver, mais nenhuma esteve até hoje. Uma mistura de influências como Pink Floyd, King Crimson, Led Zeppelin ou Yes, transportadas para um tipo de metal marcadamente dos anos 90. Maynard James Keenan, Danny Carey, Justin Chancellor e Adam Jones abririam então caminho para um som específico e ímpar, com uma originalidade intocável, na obra-prima constituída pelo álbum Ænima (1996). Uma sequência de 15 faixas que flúi de uma maneira demasiado singular e perfeita. Cada faixa assemelha-se a uma tragédia clássica, com andamentos progressivos altamente bem construídos e clímaxes poderosíssimos. Este seria sem dúvida o ponto alto da banda. Seja como for, os Tool voltaram a não desiludir com Lateralus (2001). Uma evolução perfeita no som que construiriam neste álbum. Sente-se já uma bateria definidíssima por parte de Danny Carey – talvez um dos 3 melhores bateristas de sempre, ao lado de John Bonham dos Led Zeppelin e Dave Lombardo dos Slayer e Fantômas. Contratempos quase impossíveis que este senhor constrói, acompanhando a voz especial e muito bem trabalhada de Maynard James Keenan; o baixo cada vez mais elaborado de Justin Chancellor; e a guitarra psicadélica e ambiente de Adam Jones.

Como som final, de conjunto, de banda, os Tool apresentaram sempre uma coesão excelente. Talvez muitas vezes a fazer esquecer o trabalho de cada um deles para cada música composta, o que a meu ver é dos conceitos mais importantes a suster num projecto musical de uma banda.

Depois de espectaculares vídeo-clips produzidos pelo guitarrista, Adam Jones, DVD’s, edições especiais e todo o tipo de gravações rascas, ao vivo, etc. os Tool voltam a surpreender e a oferecer de novo aos seus fãs um arrepio na espinha, com o novo álbum 10,000 Days. Mais uma vez, um som puro e limpo; excelente composição e originalidade; perfeita execução; e uma muito boa produção e masterização. 10,000 Days vem assim, na minha opinião, destronar qualquer tipo de projecto que se digne na chamada música pesada, metal ou progressiva.

E assim, de uma coerência excepcional, lá vão continuando os Tool a surpreender...

J.A.

sábado, maio 06, 2006

Uma Noite de quase Verão...

Estavamos a fazer o chamado zapping radiofónico e porquê? Porque o meu carro o que tem mais é cd’s riscados, por maus tratos e sobretudo por falta de consciência da minha parte. O tal zapping levou à nossa audição da frase: “O povo está optimista...” óbvio que nao ouvimos o que sucedeu a esta frase, contudo começamos a divagar de forma compulsiva e determinista. Eu cá para os meus botões comecei a pensar: “Ganhar a lotaria é que era” no entando reparei que também o disse e não o pensei apenas, com esta deixa o meu companheiro desta vicissitude psicotrópica rapidamente sustentou afirmando que deviamos era jogar no Euromilhões e assim ficavamos tranquilizados durante uns bons anos, isso é que era optimismo! Não o estado caótico no qual vivemos!

No entanto a conversa, vulgo anhadela, prosseguiu de forma alucinante, e entrando no mundo das apostas qual o melhor a escolher? Uma ida ao casino obviamente, mas de forma segura, apenas com 25 euros e se ganhassemos alguma coisa tudo bem, se perdessemos tudo bem na mesma! Cá está de volta o optimismo redundante.. Divagámos um bocado a pensar nos viciados em apostas e como é que é possível que isso aconteça ainda hoje em dia, pessoas enterrarem-se em dívidas de forma absurda e completamente mafiosa sem terem a noção de que estão a destruir-se a eles próprios e às próprias familias também!

Prosseguindo com a conversa, chegamos à conclusao que o país está uma bela porcaria, para não dizer um palavrão que seria certamente o mais adequado, e por isso toca-nos a nós fuma-las de forma a podermos tentar esquecer este mundo surreal onde vivemos, isto levou à recordação dum desvairo psicotrópico em específico, que nos elevou as nossas mentes capitalistas e consumistas, aliadas a uma fome descontrolada, e por isso que fizemos nós num Domingo à tarde naquele estado ébrio? A resposta é a mais óbvia possível! Fomos à instância comercial que dá pelo nome de Lidl e desatamos a comprar chocolates, bolachas e obviamente o RedBull do Lidl que custa uns meros 60 centimentos de euro. Eu próprio comprei um saco cheio de mini Kit-Kats, uma caixa de saborosíssimas bolachas americanas, das quais não me lembra a marca, o que não é nada bom porque merecem publicidade de tão saborosas que são! E, finalmente, comprei um RedBull ao preço da chuva que me soube a ginjas!

Contudo isto não fica por aqui, até porque nessa mesma tarde quem tava comi comprou também uns bolos que estavam extramamente bem selados e chegamos a uma conclusão extremamente pertinente e completamente racional e lógica que é a seguinte: “o vácuo conserva bem” à qual vem seguida por uma frase mais do que espectacular e que terminaria a conversa: “Pois, por isso é que convém fechar o saco do pão, senao o pão não conserva”. E foi assim, uma noite de quase verão...

Conclusão... este é um texto sobre nada. Acabaram de perder tempo precioso da vossa vida a ler sobre nada, o que vos parece?


Agradecimentos a:

R. R. (Companheiro da Conversa);
Fornecedor da Substancia Psicotrópica.


L.M.